sexta-feira, março 05, 2004

O homem que outrora fui

O homem que outrora fui, o mesmo ainda serei:
leviano, ardente. Em vão, amigos meus, eu sei,
de mim se espere que eu possa contemplar o belo
sem um tremor secreto, um ansioso anelo.
O amor não me traiu ou torturou bastante ?
Nas citereias redes qual falcão aflante
não me debati já, tantas vezes cativo?
Relapso, porém, a tudo sobrevivo,
e à nova estátua trago a antiga oferenda...


Pushkin
Rússia, 1799-1837
Jorge de Sena - Poesia de 26 Sec. (ASA)