domingo, janeiro 25, 2004

Eu tive um Hopper, em África


Entrei numa das salas do Thyssen de Madrid, e como já fizera comigo mais de uma vez, Hopper atacou o meu passo de museu, único sítio onde ponho as mãos atrás das costas, e parei. Devo ter feito algum gesto estranho pois os passeantes passaram rápido atrás de mim.

Aconteceu o mesmo há uns anos em Bruxelas, onde acabei a comprar reproduções de quadros dele.

Edward Hopper foi a minha escolha para uma casa que eu queria animar durante apenas dois anos, em África. Levei as gravuras a uma loja pequena na baixa de Maputo, ouvi o comentário: que quadros tão bonitos ! e vivi a olhar para eles durante dois anos. Deixei-os lá, valem pela recordação.

Hoje deparei com um, reproduzido naquela casa: Hotel Room.


Depois lembrei-me que as imagens pintadas como se de uma fotografia se tratasse começaram talvez com Vermeer, aqui Hopper com Girl at a Sewing Machine, é Vermeer, não é ?





depois a escrita de Carver, que é Hopper nos livros. Um momento na vida de alguém, um desespero ignorado pelos outros, uma curva na rua, parar, olhar. Não fez grande diferença ao mundo, eu a ver Hopper, num dia qualquer.