Preciso dela agora, agora, agora em vida !
Tenho vindo a colocar de quando em vez uns postzitos com transcrições de poesias traduzidas por Jorge de Sena (1919-1978), reunidas na sua Poesia de 26 séculos (ASA) . Selecção não inocente :) e que salta por cima de muitos poetas, claro.
Tempo em que voltámos a ter tradutores corajosos de grandes obras (Vasco Graça Moura com a Divina Comédia e as Rimas de Petrarca , Frederico Lourenço com a Odisseia ou Pedro Tamen com Proust e o seu à procura do tempo perdido), boa altura para lembrar Sena, outro grande. Também na tradução.
Descobri-o há muito com Sinais de Fogo. Depois li toda a prosa e alguma poesia. Do site do Instituto Camões roubei o seguinte :
Virgílio Ferreira relatou, em 27 de Abril de 1977 (Conta Corrente - volume 11), o seguinte episódio: «O Jorge de Sena teve outra glorificação. Desta vez em Itália: prémio para o melhor poeta estrangeiro. (... ) O José Augusto França contou-me que, um dia, para o confortar da glória que ele dizia não ter e merecer, foi-lhe acenando com uma garantia de glória póstuma. Sena desatou aos urros: "Preciso dela agora, agora, agora em vida. "»
Fica a homenagem, agora que cheguei a W.Shakespeare , seguida do original no post de baixo (aqui nos blogs as introduções escrevem-se no fim. Nos trabalhos também, mas muita gente esquece...)
SONETO XXIX
Quando em desgraça aos olhos dos humanos,
sozinho choro o meu maldito estado,
e ao surdo céu gritando vou meus danos,
e a mim me vejo e amaldiçoa o Fado,
sonhando-me outro, fico de esperanças,
co'a imagem del'. como el' tão respeitado,
invejo as artes de um, d'outro as usanças,
do que mais gozo menos contentado.
Mas se ao pensar assim, quase me odiando,
acaso penso em ti, logo meu estado,
como ave, às portas celestiais cantando,
se ergue na terra, quando o sol é nado.
Pois que lembrar-te, amor, tem tal valia,
que nem com grandes reis me trocaria.
William Shakespeare
Inglaterra
1564-1616
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Tempo em que voltámos a ter tradutores corajosos de grandes obras (Vasco Graça Moura com a Divina Comédia e as Rimas de Petrarca , Frederico Lourenço com a Odisseia ou Pedro Tamen com Proust e o seu à procura do tempo perdido), boa altura para lembrar Sena, outro grande. Também na tradução.
Descobri-o há muito com Sinais de Fogo. Depois li toda a prosa e alguma poesia. Do site do Instituto Camões roubei o seguinte :
Virgílio Ferreira relatou, em 27 de Abril de 1977 (Conta Corrente - volume 11), o seguinte episódio: «O Jorge de Sena teve outra glorificação. Desta vez em Itália: prémio para o melhor poeta estrangeiro. (... ) O José Augusto França contou-me que, um dia, para o confortar da glória que ele dizia não ter e merecer, foi-lhe acenando com uma garantia de glória póstuma. Sena desatou aos urros: "Preciso dela agora, agora, agora em vida. "»
Fica a homenagem, agora que cheguei a W.Shakespeare , seguida do original no post de baixo (aqui nos blogs as introduções escrevem-se no fim. Nos trabalhos também, mas muita gente esquece...)
SONETO XXIX
Quando em desgraça aos olhos dos humanos,
sozinho choro o meu maldito estado,
e ao surdo céu gritando vou meus danos,
e a mim me vejo e amaldiçoa o Fado,
sonhando-me outro, fico de esperanças,
co'a imagem del'. como el' tão respeitado,
invejo as artes de um, d'outro as usanças,
do que mais gozo menos contentado.
Mas se ao pensar assim, quase me odiando,
acaso penso em ti, logo meu estado,
como ave, às portas celestiais cantando,
se ergue na terra, quando o sol é nado.
Pois que lembrar-te, amor, tem tal valia,
que nem com grandes reis me trocaria.
William Shakespeare
Inglaterra
1564-1616
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