domingo, agosto 31, 2003

De braço de fora

Ao entrar no carro, deixa a janela aberta, acende o cigarro retirado do bolso da camisa branca, acende-o no isqueiro após o click indiferente e habitual. Olha para o espelho lateral e arranca devagar. Pensa levemente na direcção a tomar, roda o botão do rádio e espera que a estrada o leve. A mão direita vai com o cigarro arranhando o volante enquanto o braço contrário cai sem força do lado de fora da janela, convocando desprezos de outras viaturas, agitando os dedos ao passo de ritmos inadequados.

Ao percorrer a estrada, o cérebro embrulhado não pensa, estrebucha contrariado pelos sentidos, mas o braço que desliza pela porta esse pensa, que outras viagens menos suaves o deixavam sobre o volante enquanto o outro pousava ansioso sobre outra mão, entre outros dedos, sem cigarro.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu

6:37 da manhã  

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