quinta-feira, novembro 27, 2003

Trading places

6.00h - a janela tem pontos de luz, ainda como olhos de morcego, a roupa enrodilha-se na cama

6.12h - o cabelo mistura-se na luz, que agora tem violeta escuro como mantos de altar

6.23h - luz apaga-se de novo, comandada pelo sonho acordado de manhã, a ilha que se afasta numa ilusão feita de flamingos e mangais entrelaçados com águas superficiais, de onde não podem sair mais do que pequenissimos peixes. Não foi sonho um dia. Passou a sê-lo quando a madrugada chega cedo demais.

6.43h - volta a luz a dizer que o cabelo deve mexer de novo, depois as mãos afastam os olhos desse lugar e voltam a nascer tristes para o requiem por um tempo dentro do proprio tempo.

7.01h - que dia vais ter se escolheres ficar mais 2 minutos sem mexer o cabelo ? que dia magnífico talvez só porque escolheste o movimento alguns segundos mais cedo.

Assim, os lugares foram trocados em segundos, sem que essa lentidão fosse apercebida por quem nos congelou na mente, um dia.