A longa mão da memória
Para que serve a noite? porque há luz depois de ser escuro ? etc... Tenho na minha mão um hotel, um sino a tocar badaladas de noite; umas dez badaladas, tenho uma camisa azul, tenho um carro estacionado lá fora e umas chaves para sair daqui; tenho um espelho e uma poeira na borda desse espelho á espera de ser soprada; da memória; mas hesito, como se estivesse a olhar para um insecto que sem perguntar nada invade o campo aberto que é a página deste livro;tudo podia ficar assim. Mas eu vou mexer-me e a poeira vai sair deste lugar, a memória deste minuto vai-se embora, a menos que eu a escreva aqui; mas e as memórias que eu queria que ficassem aqui, coladas como poeira a este espelho? para que outros pegassem nelas e as fizessem suas, as misturassem como açúcar no líquido.
Depois, subitamente,eu podia regressar sem memória, lá no lugar onde elas se fixaram um dia.
Depois, subitamente,eu podia regressar sem memória, lá no lugar onde elas se fixaram um dia.
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