segunda-feira, junho 14, 2004

Durão e Scolari: os bandeirantes


Estes homens não perceberam bem de onde vêm e para onde vão.

Os portugueses com a sua antiga veia subserviente, amiga da força bruta e ditatorial, aplaudiram nos ultimos dias a força da palavra ilustrada com murro na mesa e seguiram a onda da bandeira. O seleccionador "nacional" disse e a esperança do povo pôs bandeiras nas casas e nos carros, sublimando o facto óbvio: a portuguesa equipa joga agora pior do que quando o simpático de bigodinho à la anos sessenta pegou nela, com milionárias expectativas no bolso.

O óbvio de tão chocante cegou tudo: nenhum jogo de "preparação" acabou com menos de metade dos que o iniciaram: nem equipa nem estilo de jogo, com muitas afirmações de "sei não", "estou sabendo de tudo", "há gente tentando boicotar meu trabalho", e "no final a gente fala".

Elegendo como inimigos principais o FCP ( e eu um tipo do Benfica até se devia arrepiar com isto...), esqueceu porque razão o dito clube ganhou quase tudo o que havia para ganhar. Na equipa portuguesa nem teve coragem de eleger o "brasileiro" como indiscutível, o que até nem seria grave não fossem os tremeliques de uma equipa que claramente o bandeirante arruinou.

Força Portugal perdeu ontem e voltou a perder hoje. A Grécia e os eleitores portugueses deram lições. Mas não tenho esperança que nem Durão nem Scolari se saiam bem e dignamente de isto tudo. O euro 2004 tem assim a sua suprema ironia: mostrámos quem não queremos, ganhando e perdendo.

Valha-nos Santo António.