sábado, setembro 20, 2003

Com a madrugada partem

as almas que se convocaram, com os raios de sol sobem de novo para um lugar qualquer de onde parece nunca mais ser possível regressar.

A personagem está numa cama larga onde vários passageiros do barco repousam, despida e agarrada a mim; alguem lhe diz como foi corajoso largar tudo para se entregar assim; as almas em concílio aprovam o que algumas almas enegrecidas reprovaram.

Na madrugada, antes das almas partirem, a justiça do nosso mundo está em equilíbrio e repõe a verdade na aparente confusão de um mundo alternativo e desordenado que se não seguiu, mas existe.

Depois, já os raios de sol ameaçam destruir toda a cuidadosa teia de almas, regressam os fantasmas, sem apelo para as injustiças, sem sombra de regresso. Olho os sinais, sem gente lá fora, procuro desesperadamente sinais de que a personagem não tenha largado o barco e desaparecido com o sol.

Vou procurá-la nesta cidade, depois vou para o mar; nada sei já sobre a natureza das almas.